Conciliar os benefícios ambientais proporcionados pelos parques eólicos, que produzem energia limpa e renovável, e os impactos negativos sentidos pelas comunidades do entorno desses empreendimentos foi o foco do debate promovido, nesta quarta (15), pela Comissão de Agricultura. O encontro reuniu representantes de empresas instaladas no Estado, moradores de localidades afetadas pelos ruídos e ondas eletromagnéticas emitidas pelas torres de geração de energia eólica, membros do Governo do Estado e parlamentares.
“Somos a favor da implantação de projetos inovadores para nosso Estado, mas eles não podem trazer problemas para as famílias que vivem em áreas onde são instalados. O desenvolvimento precisa ser sustentável”, afirmou o presidente do colegiado, deputado Doriel Barros (PT).
Ao todo, 34 parques eólicos estão instalados hoje em Pernambuco e três novos empreendimentos estão previstos. Dados da Associação Brasileira de Energia Eólica revelam que essa fonte é responsável, atualmente, por 9,2% da capacidade energética do País. “O desafio é minimizar os impactos desses empreendimentos, como a emissão de ruídos, consequências para a flora e fauna local, mudanças climáticas no entorno, baixa criação de empregos e, em alguns casos, o êxodo forçado da população campesina”, explicou o assessor parlamentar André Santos.
Algumas dessas perturbações são sentidas pelo agricultor Simão da Silva, morador de Caetés, no Agreste Meridional. “Não somos contra esses investimentos, e sim contra a forma como eles vêm se dando. Quando a empresa foi se instalar, nos prometeram empregos – que, na verdade, eram temporários – e não nos foram contadas as desvantagens”, disse, relatando que a comunidade em que vive sofre com problemas de audição, dores de cabeça, estresse e baixa produtividade na pecuária familiar.
Wellington Miranda, que mora a 150 metros de uma torre instalada no município de Paranatama, também no Agreste, abordou falhas na segurança. “Quando chove, é comum haver curto na rede de energia”, acrescentou.
Representando a Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares de Pernambuco (Fetape), Admilson Nunes defendeu o acompanhamento desses problemas pelo Poder Público. “Não podemos olhar apenas sob o ponto de vista econômico, mas analisar o fator social envolvido em cada empreendimento que se instala no Estado”, afirmou.
Em nome da Echoenergia, Wilson Volpe informou que a empresa vem acompanhando a situação de Caetés e buscando minimizar os impactos apontados pelos moradores, reconhecidos por ele como “genuínos”. “O setor, que funciona com base em tecnologias recentes, ainda carece de uma legislação mais adequada e atual. É importante discutirmos um marco regulatório amplo”, pontuou. “O assunto exige um debate nacional, pois a regulação que temos ainda é incipiente”, acrescentou Robson Leger, da empresa Cubico, também presente no Estado.
TEXTO E FOTOS DO BLOG CAPOEIRAS
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